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Criação do genero C. carduelis
Criação do genero C. carduelis

 

 

 

 

 

 

METODOLOGIA UTILIZADA NA CRIAÇÃO DO GENERO CARDUELIS EM PORTUGAL CONTINENTAL (LITORAL SUL)

Chamo-me António Noro, sou natural de Macedo de Cavaleiros – Bragança, presentemente moro em Almada.

A importância do que vou escrever a seguir, principalmente para os criadores que se estão a iniciar na criação desta espécie é elevada, e é a única solução para o sucesso. Para além disso, é a solução mais barata de todas as outras que se possam apresentar. Não sendo essa a razão mais importante que me levou a adoptado por esta estratégia, ainda torna a situação mais caricata.

Os criadores de toda a Europa falam de misturas milagrosas, muito caras, produzidas na Bélgica, Itália, por ai fora. Como todos sabem Portugal, principalmente na zona sul do país tem uma temperatura amena ao longo do ano, denominado por Clima Mediterrânico semi-desértico. Logo imaginem a discrepância só nesta área que existe entre Portugal e o resto da Europa.

E agora os mais cépticos dizem, que relação existe entre o clima e a alimentação?

Meus amigos, a relação entre o tipo de alimentação que devemos dar às nossas aves e a temperatura predominante na nossa região (não me refiro ao País, pois existe uma grande diferença entre o norte e os sul em termos de Amplitude Térmica Anual) é importantíssima e decisiva para que os nossos pássaros efectuem a muda, passem o inverno e criem sem que haja baixas.

A ave e qualquer outro ser vivo, tem de mater um equilíbrio entre a energia que ingere e aquela que consome, o desequilíbrio levará a uma redução drástica do tempo de vida desse ser. Se for por excesso, a ave engordará e sobrecarregará o fígado, situação letal e que no caso dos Carduelis quase sempre irreversível. Se for por carência, a ave irá emagrecer, ficando desnutrida, nunca ganhará cio nem porá ovos, e ficará mercê dos contratempos criados pelas doenças e correntes de ar, não reagindo da mesma forma que uma ave saudável e equilibrada.

Uma diminuição da temperatura levará a uma necessidade do corpo da ave auto-regular a temperatura corporal e ao consumo de energia. Por outro lado, uma ave mais gorda reage melhor ao frio, pois a camada adiposa serve de reserva energética e também como manta térmica protegendo o corpo. Agora a outra situação: em climas amenos/quentes não existe necessidade da ave regular a temperatura corporal, pois as aves não conseguem arrefecer, a transpiração numa ave é mínima, logo o consumo de energia é parco ou quase inexistente. Se a mistura se mantém rica em calorias, a ave vai ficar cada vez mais gorda, o fígado ficará hipertrofiado e a ave começará a ter dificuldade em respirar e a ser atacada por variadíssimas doenças tais como hepatites. Por outro lado, uma ave muito gorda também não procria, nem ganha cio. Nesta situação as aves têm de ter espaço para voar, poucos poleiros á disposição, e uma alimentação a base de sementes brancas (alpista), alguma verdura e fruta duas vezes por semana para hidratar.

Por exemplo: Um criador do norte do nosso país (nordeste trasmontano) tem de alimentar as suas aves de forma diferente que outro criador que viva na minha região.

Agora vou passar a descrever o que aqueles que leram este testamento estavam á espera, o meu Esquema de Alimentação.

Esquema de alimentação de todos os Carduelis de fauna europeia:

 Muda e manutenção: Eu associo esta duas fases, pois se por um lado a ave durante a muda necessita de mais energia que durante a manutenção, a verdade é que também a temperatura é mais elevada nesta primeira fase, logo a ave não despende tanta energia para regular a temperatura corporal, por essa razão, associo as duas fases e dou o mesmo tratamento/alimentação. Eu utilizo como base da alimentação a alpista, misturada com 2% de Perrilha durante a manutenção e muda. Durante estas fases, dou também maça duas vezes por semana e vinagre de sidra duas vezes por mês, e algumas vitaminas um dia por semana. Mudo a agua de dois em dois dias, e no dia em que dou vitaminas mudo todos os dias.

Preparação para a cria: A partir de Janeiro começo a fazer a adaptação para a época de cria. Como faço criação em gaiolas de metro, ponho os dois progenitores, separados por um separador opaco. Uma vez por semana ponho duas colheres de chá com germinado e papa e alguns bichos de bufalo. O objectivo, é que os progenitores se adaptem/familiarizem com esta comida que vai ser a base da alimentação dos filhotes nos primeiros dias de vida. Também adiciono alguma ortiga e serralha uma vez por semana, se já houver no campo onde costuma efectuar acolheita e maça duas vezes por semana (um pedacinho pequeno). Adiciono á água duas vezes por mês vinagre de sidra (9ml/L). A adaptação a esta comida (papa e bicho) por vezes não é fácil, mas acabam por comer, e no final até devoram. Não desistam nas primeiras semanas. É normal ignorarem o alimento novo porque não conhecem.

A partir de um de Março, começo a adicionar só às fêmeas, o germinado duas vezes por semana, a mistura passa a ter 5% de Perrilha, e administro serralha/ortiga e maça, duas vezes por semana (dias diferentes), os machos continuam com o mesmo regime alimentar até 20 de Março. Depois de 20 de Março começo a dar ao macho a mistura de 5% de perrilha e serralha uma vez por semana.

Como germinado utilizo semilha e trigo, a papa e da Witte Molen. Esta alimentação também é a que dou ás Carpodacus Mexicanus e Canárias que servem de amas secas. Embora seja uma raridade utiliza-las na minha criação, o facto é que mais vale um pássaro vivo que morto. E ao contrário do que alguns sépticos dizem, tem o mesmo valor e a mesma utilidade que uma ave criada pela mesma espécie, pois a alimentação e tratamento são os mesmos.

Época de cria: Para mim esta fase começa a 1 de Abril. Começo por substituir o separador opaco pela rede, e deixo assim até ver uma reciprocidade entre as duas aves. Começo a administrar o germinado com os bichos todos os dias á fêmea, bem como serralha e fruta. O macho mantém o mesmo regime alimentar, para não engordar. O tempo em que as duas aves permanecem separadas é relativo, depende de casal para casal, e principalmente da predisposição da fêmea para acasalar. Ela sim, é quem comanda o tempo. Com as suas sucessivas aproximações á rede, principalmente quando o macho canta, vai acabar por aceitar o seu alimento. Nessa altura, coloca-se o ninho camuflado no lado da fêmea e algum material para a construção do mesmo. Observando o seu comportamento, verifica-se que algumas começam logo a construi-lo, outras acabam por espalhar o material pela gaiola. Algum desse material irá parar ao lado do macho, começando este a pegar nele na tentativa de entrega-lo á fêmea. Após algumas insistências o macho acaba por se pendurar na rede de separação, intensificando o seu canto, nessa altura retira-se a rede. Alguns galam de imediato a fêmea, outros ficam um pouco confusos, mas vão acabar por acasalar nos próximos dias.

Após a construção do ninho e durante a construção do mesmo, devemos observar o comportamento do macho. Se este for agressivo, e destruir o ninho sucessivamente, tem de se tomar providências de forma a possibilitar a construção do mesmo. Nessa situação, eu deixo o macho junto com a fêmea, durante o dia (12 horas), separando-o á noite. Este procedimento, tem de ser mais rigoroso principalmente quando a postura começar, pois o macho vai continuar agressivo e vai partir os ovos, agredir a fêmea quando esta entrar em choco. Nesta situação eu troco os ovos verdadeiros por ovos de plástico, devolvendo-os á fêmea após a postura do 5 ovo (por vezes só põem 4 ovos). Se a fêmea efectuar um choco normal deixo efectuar a criação normal, se abandonar o ninho, passo-os para uma ama Canaria ou para uma fêmea Carpodacus mexicanus.

Quando a fêmea estiver no choco, reduzo a administração de germinado e bicho para um dia por semana, ao macho retiro totalmente, mantendo para ambos a mistura usado durante a criação.

Ao 11 dia de choco, volto a introduzir o mesmo regime alimentar que se havia dado para a fêmea ganhar cio, isto até á independência dos filhotes e a fêmea voltar a entrar no choco.

 

 METODOLOGIA UTILIZADA NA ALIMENTAÇÃO

 

Mistura mensal para Manutenção (machos ainda em Fevereiro): 20 kg e 5 kg

Sementes

%

20kg

5kg

Gramas 20 kg

Gramas 5kg

Alpista

70

14kg

3,5kg

14000 g

3500 g

Perilha

2

0,4 kg

0,1 kg

400 g

100 g

Mistura

28

5,6 kg

1,4 kg

5600 g

1400 g

 

Mistura mensal para preparação cria (Fevereiro – Machos só em Março): 20 kg e 5 kg

Sementes

%

20 kg

5 kg

Gramas 20 kg

Gramas 5 kg

Alpista

44

8,8 kg

2,2 kg

8800 g

2200 g

Perilha

6

1,2 kg

0,3 kg

1200 g

300 g

Mistura

50

10 kg

2,5 kg

10000 g

2500 g

 

Mistura mensal para criação Pintassilgos (Março – Machos só em Abril): 20 kg e 5 kg

Sementes

%

20 kg

5 kg

Gramas 20 kg

Gramas 5 kg

Alpista

80

16 kg

4 kg

16000 g

4000 g

Niger

4

0,8 kg

0,2 kg

800 g

200 g

Aveia

2

0,4 kg

0,1 kg

400 g

100 g

Perilha

6

1,2 kg

0,3 kg

1200 g

300 g

Canhamo

4

0,8 kg

0,2 kg

800 g

200 g

Chia

1

0,2 kg

0,05 kg

200 g

50 g

Cardo

2

0,4 kg

0,1 kg

400 g

100 g

Alface

1

0,2 kg

0,05 kg

200 g

50 g

 Todas as espécies alem da Carduelis carduelis, tem uma mistura á parte, pela simples razão de que o nabo é fatal para esta espécie, bem como o Níger o é, para o verdilhão e cruza bico.

Mistura mensal para criação Verdilhões, Dom Fafes, Cruza bico: 20 kg e 5 kg

Sementes

%

20 kg

5kg

Gramas 20kg

Gramas 5kg

Alpista

80

16

4

16000

4000

Niger

4

0,8

0,2

800

200

Girassol

2

0,4

0,1

400

100

Pinhão

0,5

0,1

0,025

100

25

Nabo

0,5

0,1

0,025

100

25

Aveia

1

0,2

0,05

200

50

Perilha

6

1,2

0,3

1200

300

Canhamo

2

0,4

0,1

400

100

Chia

1

0,2

0,05

200

50

Cardo

2

0,4

0,1

400

100

Alface

1

0,2

0,05

200

50

 Papa: Mistura de 250g de witte molen, 200g de papa de ovo húmida e 50g de dente de leão seco e moído. Misturar alguns bichos de búfalo.

Germinado: Níger, trigo e girassol pequeno

 

 António Noro

Criador Nacional de Carduelis (carduelis, chloris, spinus, magellanica e cucullata), Pyrrhula Pyrrhula, Fringilla coelebs, Serinus serinus, Carpodacus Mexicanus e Híbridos.

Stam: 691K e Sócio 347 do Clube Ornitológico de Almadense.

Criador de Fauna Europeia Legalizado (registado no ICNB) com o Nº 11PT0029/B